quarta-feira, 30 de setembro de 2009

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A minha vida na residência








Desde que estou a viver na residência a minha vida tem sido divertida e tenho estado mais predisposta a estudar. Na residência vive-se um ambiente saudável, gente sempre pronta ajudar, a partilhar e compartilhar os momentos de estudo diversão e comer. Todo o mundo é amigo de todo o mundo. Estuda-se, ri-se, goza-se, passeia-se e faz-se muita coisa em conjunto. Não há idade, boa parte da rapaziada tem idade de ser meu filho ou filha mas brincamos imenso, vamos aos bares de Lisboa ou apreciar as noites de Lisboa em malta. Combina-se jantares para tudo que é ocasião. Trocámos receitas, etc. Apreciem um pouco as imagens.A primeira mostra a parte frontal da residência do Lumiar, depois o quarto, a sala onde comemos e a foto retrata um jantar dado pelos italianos da residência pela visita da mãe do Luca, a penúltima sou eu mais a Mônica, médica espanhola num bar do Chiado. A última ilustra três mulheres feitas deambulando pelas ruas do Chiado e divertindo imenso. Deambulávamos pel madrugada a dentro sem receio só pelo prazer de sentir a nigth lisboeta.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Bem vindos ao Espaço da Carla Karagianis!








Este um blog com o histórico do meu percurso como mestranda da FCSH da UNL (Universidade Nova de Lisboa). Encontrarão o meu dia à dia no curso e as trapalhadas por que passei.

Visitem!




Sou moçambicana e vivo na cidade da Beira, onde tenho quase toda a minha família que não é pequena. Nós, moçambicanos ainda temos muito presente a família alargada isto é, mãe, pai, filhos, irmãos, tios, avós, primos, etc. Aos fins de semana é frequente juntarmo-nos em casa de um parente com as nossas panelas e bebidas. Os primos do 2º e 3º graus também ainda estão presentes nesses encontros e por aí. As pessoas ainda se visitam. Os funerais são sagrados e algo a não faltar por essa razão na cidade os cortejos fúnebres realizam com uma fila enorme de carros ligeiros particulares e mini bus, autocarros, carrinhas de caixa aberta e camiões, todos eles a aborrotar de gente. A casa do falecido enche-se de pessoas que o vão velar dentre elas, parentes, vizinhos, amigos, colegas e elementos da comunidade religiosa a que está adstrito.


Esta cerimónia é sempre dispendiosa porque tem de se servir comida aos que acompanham a família, contudo a empresa ou institução onde o falecido trabalha ajuda em víveres para além do caixão. A família mais chegada só se retira depois de da missa de um mês, outros ainda na de uma semana.
As fotos acima ilustram a união familiar aos fins de semana, a minha mãe e netas, e acampamento na quinta da minha irmã, onde se vê a família reunida.


Vinda à Lisboa

Sou professora há 23 anos. Comecei a leccionar aos 20 anos, na altura tinha acabado de sair da Faculdade de Educação-Universidade Eduardo Mondlane. O meu começo como professora foi num centro de formação de professores primários, onde dava aulas a alunos com a minha idade e mais velhos. Foi um começo e tanto na medida em que eu na altura era muitíssimo envergonhada. Mas safei-me bem. Depois de sete anos como instrutora de português, transferiram-me para um outro centro de formação onde também fiquei aproximadamente 7 anos. O novo centro estava vocacionado a formação de educadores profissionais isto é, a educação e adultos. Não foi fácil a mudança de público uma vez que o público do centro anterior era juvenil e no outro era mais adulto. Por ser uma área em que o país estava a investir para erradicar o analfabetismo, eu e os meus colegas beneficiámos de uma formção superior na área da Educação de Adultos. A formação foi feita a semi-distância e boa parte dos docentes vinham da PUC (Pontíficia Universidade Católica de SP) e outra da Suécia. Estávamos vinculados à Universidade de Linkoping. O curso teve a duração de 4 anos e conferia-nos o grau e bacharel. Anos mais tarde, já a trabalhar para o Instituto Industrial da Beira como efectiva e também na escola portuguesa, recebi a proposta para canditatar-me na licenciatura em Língua e Culturas Portuguesas na Universidade. Em 2001 vim a Portugal e fiz a licenciatura em Língua e Culturas Portuguesas na Universidade de Lisboa. Terminei com uma média de 16 valores. Foram momentos ímpares os vividos nessa altura. Vivia numa residência feminina da clássica na avenida de Berna nº 13. Os meus colegas moçambicanos tinham "inveja" de mim porque estava muito bem situada, tinha a faculdade perto, a minha embaixada ao lado, a Igreja Nossa Senhora de Fátima bem pertinho, a Gulbenkian na mesma avenida, a Nova também e às vezes comia na cantina da FCSH. Foi um bom ano. Convivi com raparigas entre os 18 a 27 anos e eu tinha 36 anos. Dormia num quarto de três e a minha colega mais nova tinha 18 anos, adoptou-me como mãe.
Em 209, tornei a Portugal para fazer o mestrado e tudo à princípio correu mal, muitíssimo mal. Não consegui residência e fiquei de Outubro até Maio em casa duma prima e sentia-me inconfortável.
A primeira coisa que fiz quando cheguei a Portugal, foi legalizar a minha situação com a Faculdade. Tive um trabalhão para conseguir ter o multibanco e o cartão de estudante, levou 6 meses a ser emitido. O de multibanco ia dar sempre a endereços errados. Tive de levantar dinheiro ao balcão com riscos de descontos de 4 euros e tal. Quando já estava desesperada, angustiada e desgostosa com o Santander deram um cartão provisório, coloquei-o na pasta e quando precisei de o usar, não o tinha, perdi-o. Tive de pedir um outro ao que o moço do quiosque do Santander disponibilizou-se em acompanhar-me ao balcão da av. Marquês do Tomar, para entregarem-me outro. Agora não o largo, mesmo tendo o definitivo, uso o provisório.
Voltando a residência, pensava que seria fácil como foi quando fiz a licenciatura. Quando vim fazer a licenciatura, cheguei a Lisboa num Sábado dias depois do 11 de Setembro. A viagem foi nocturna e quando atravessávmos a zona de turbulência , os saltos eram enormes que os cintos de segurança de nada serviram quase que demos ao tejadilho do avião mas graças à Deus chegámos sãos e salvos. Em Lisboa, estava o meu prio a espera e fui à Entrecampos nº 56, funcionava o IC (Instituto Camões) levar a chave da residência e do respectivo quarto. Como era fim de semana, passei-o em casa dos meus primos e Domingo levaram à casa da minha tia, irmã mais velha da minha mãe. Passei o dia com ela e com o resto da família.
Desta vez, a viagem foi diurna, correu e gostei, apesar de ser demorada, aproximadamente 10 horas. Estavam no aeroporto a minha prima e o marido, a quem tinha pedido hospedagem por três dias, tempo suficiente para tatar da legalização do meu processo na Nova. Cheguei as 17h do dia 30 de Outubro, numa bela 5ª feira e no dia seguinte fui a Faculdade e ao banco para a reabrir minha conta na Caixa Geral de Depósitos mas não aceitaram porque o cancelamento foi definitivo e ainda por cima o meu nº de contribuinte anterior era provisório e estava fora do prazo. Tive de tratar outra vez mas por sorte quando cheguei a loja do cidadão já tinha o definitivo e como tinha a possibilidade de abrir a conta no quiosque do Santander na Faculdade, fi-lo e tive os problemas descritos acima.
Facto curioso, os meus problemas não começaram aqui em Portugal. Já em Moçambique, a minha vinda provocou um ceto mal estar à alguns chefes. Para cá vir, recebi um um convite de um dos chefes da minha delegação. Disse ser plano da reitoria ter mulheres mais bem qualificadas e de entre as chefes de departamento eu era a que estava em melhores condições de prosseguir os estudos pois era a mais exemplar. Eu ainda refutei dizendo que a minha ex directora adjunta era mestre. A proposta seria eu inscrever num mestrado em regime sandwich e como a minha área é língua não vi nenhum curso em Portugal que fosse nesses termos. Pedi ao meu colega do Camões para ajudar e lembou-se desse curso porque a Drª Ana Maria Martinho já tinha trabalhado connosco e fez o contacto. Entretanto a Drª viajou para os EUA para a Sabática e o processo ficou parado. Pensávamos que estava inscrita a partir da 1ª fase, mas afinal só conseguimos eu e a dr Rui Azevedo meu colega, inscrever na 3º fase e fiquei apurada. O Instituto Camões levou um tempão a enviar a Declaração da Bolsa pelo que não podia pedir o visto de entrada. Paralelo a estes problemas, falei com a minha directora da Faculdade sobre o que se estava a passar (sobre a minha vinda) não me disse nada no momento, pelo contrário até concordou e deu pistas para para a minha substituição. Quando ela foi à Beira, conversou com o meu director e com o pedagógico, o 2º disse logo que não estava a par da situação. Ela reuniu com a gente e mostrou que não gostou do facto de não ter sido consultada porque quem toma decisões em relação ao departamento de línguas é ela. Senti-me vexada porque se o meu director financeiro, hoje acessor do reitor, chamou-me e fez a proposta é porque a direcção toda estava de acordo. Pedi uma audiência ao meu director e este pediu desculpas pelo facto. Acabei vindo co bilhete pago pela minha instituição e Bolsa paga pelo Instituto Camões.
A minha primeira aula foi a de Multiculturalismo, no dia 3de Novembro, salvo erro. Quando entrei, os meus olhos embicaram para a minha colega Dulce que é um amor de pessoa. Pedi-a os apontamentos de aula. E foi dela que copiei os apontamentos de um mês de atraso. Confesso que a minha turma não é a mesma da do 1º semestre. No 1º semestre, eram todos muitos frios, talvez porqueo tempo era esse. Hoje somos uma turma de verdade. Preocupámo-nos com os outros e ajudamo-nos. Arranjamos tempo antes ou depois das aulas para conversar e rir. Rimo-nos bastante das "desgraças" da Dulce pois ela conta-as de forma cómica. É uma pessoa que está sempre bem disposta e conta os seus problemas, que não são pequenos, rindo-se deles, talvez o faça para afastar o stress. O jeitinho dela os contar é muitíssimo engraçado.